Romance & Cigarretes

Respiro fundo por saber que há realizadores na actualidade que estão a fazer um trabalho de legado para os futuros cinéfilos. - Certo -dirão- não há assim tanto que nos preocupe, afinal o Bergman ainda realiza, ainda se pode esperar mais um Sci-fi do Ridley Scott, do Allen, do LarsvTrier (e aproveito para referir alguns do meus favoritos)...

Sim, concordo. E acrescento a estes os que estão a fazer a passagem para o futuro. E que o fazem 'agarrando' o passado, na história, nas referências, na camera, na realização: Todd Haynes, Brian Singer e, constatei hoje, que o 2º filme a sério (como realizador) do John Turturro se enquadra perfeitamente nesse ambito.

Escrevo sobre o Romance & Cigarettes, uma espécie de músical e drama que, sem ser um melodrama, enquadra deliciosamente as letras com as emoções, sem cair no lugar comum dos músicais que colam a letra à música e à imagem (Moulin Rouge)

Aconselho vivamente a que for fan dos filmes dos Irmãos Coen, da presença da tela do Christopher Walken, do Steve Buscemi e da Kate 'cadavezmelhor' Wislet.

O mais giro no meio disto tudo é que me estou a referir somente a personagens secundarias. Imaginem o que se pode esperar das principais... James Gandolfini em versão não Sopranos, faz um papelaço que não deixa dúvidas a ninguém (Srs dos óscares: tenham "Tomates de dinossauro"!), e a Susan Sarandon, que não fazendo segredo da sua mestria, volta aqui a cantar (mal, lol) como fazia no Rocky Horror Picture Show, exactamente 30 anos depois.

No final disto tudo é uma história de amor maduro, bem contada, bem representada, bem encenada, realizada como se fosse um filme urbano-industrial de NY anos 70, disfarçada de filme de humor que, tal como nos filmes de Milos de Forman, nos deixa a pensar.

Percebem agora porque é que digo que fico feliz que o Turturro ande por ai à solta com os Coen? - Vão ver.

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