Lírica
Nunca me considerei bom poeta. Pelo contrário sempre soube que não tinha jeito para a coisa. Mas aqui e ali urge a vontade de nos fazermos artistas.
A coisa parece mais fácil do que na realidade é. Há que tirar a cartola e baixar o torso em homenagem aqueles que o sabem fazer de uma forma notável.
(aqui vai...)
Ainda assim já dei os meus três ou quatro passos na aventura da lírica. Todos eles, diga-se a abono da verdade, resumem-se à prosa poetica... bem diferente do tão esperado soneto, ritmado, métrico, emparelhado, versicular.
Os resultados cumprem contúdo na razão de existirem. O espelhar a alma em palavras. O transmitir conceitos dificeis de expôr. O demonstrar lógicas ilógicas. O empunhar a arma pela palavra e ferir onde doi mais. Ou menos. E trazer para o lado de cá o que já foi, o que ainda é, ou o que será.
Quem nunca o fez que atire a primeira pedra...
Nunca fiz montra para a crítica aplaudir. Fi-lo sempre para o público restrito. Na verdade para duas pessoas apenas, e só uma delas é que era musa do texto. Ambos os leitores, femininos que nestas coisas há que velar por manter a entorpia moral, foram polos opostos na avaliação. A primeira, dado que já revelei o género, ainda guarda valor da mensagem... quer dizer, do processo por detrás da mensagem. O inicio causuistico e não o resultado literário (a bem da verdade). A segunda, tornou-se leitor silêncioso do descorrer verbal que me dei à liberdade. Se calhar demasiada liberdade. Se calhar a pungente realidade espelhada em tinta (virtual neste caso!) é arma de arremesso demasiado pesada.
(Na primeira pessoa agora)
Dou-te razão. Há coisas, como alguns paus, que têm dois gumes. Pelos vistos as palavras ferem... É a desvantagem de ser musa e censor ao mesmo tempo.
1 Comments:
Hum.. não te consideras um poeta...
O teu discurso carrega, no entanto, uma infindável lista de palavras caras e distintas; apresentas um discurso coerente, bem escrito e interessante...
Pergunto eu:
- Já tentaste a prosa?
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Foda-se, caralho, hoje sinto-me um Bocage!
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