Adeus (E.A.1923/2005)

'Adeus' foi uma palavra do vocabulário do Eugénio de Andrade que me marcou muito.

São palavras assim, usadas como ele as usou, que fazem nos crescer, que nos dão imagens novas, que nos mostram o outro lado, o lado dos sentidos e dos sentimentos.

Eugénio, mais que muitos, sabia tocar lá fundo no comum que todos temos. E sabia, mais que muitos, pintar de cor as palavras e as emoções...

Mais do que o desaparecimento de um poeta, desaparece um poeta do mundo. Traduzido em mais de 20 línguas, vencedor de importantes prémios lá fora e do Prémio Camões cá dentro.

E agora o Adeus ganhou ainda novo sentido!


Eugénio de Andrade já tinha passado aqui pelo blog. Deixo-vos agora a versão internacional do mesmo poema.



Words

They are like a crystal,
words.
Some a dagger,
some a blaze.
Others,
merely dew.

Secret they come, full of memory.
Insecurely they sail:
cockleboats or kisses,
the waters trembling.

Abandoned, innocent,
weightless.
They are woven of light.
They are the night.
And even pallid
they recall green paradise.

Who hears them? Who
gathers them, thus,
cruel, shapeless,
in their pure shells?

© 1985, Alexis Levitin From: Inhabited Heart Publisher: Perivale Press, Los Angeles, 1985 ISBN: 0-912288-24-8