Dizia-se que havia o Pai Natal. Cheguei a pensar que não havia!
Embora tenha um passado que se cruzou pelo menos duas vezes com a religião (baptismo e 1ª Comunhão) não sou nada dado a festas religiosas, práticas ou pensamentos religiosos.
Neste caso e para não ganharem um desertor existe um termo simpático bem português que é o
não praticante.
Há uns dias atrás discutia o meu agnosticismo e defendia o meu humanismo existêncialista, muito
J.P.Sartre, mas também dava a mão à palmatória (sabendo que não ia doer) afirmando que
- Sim, a religião pode ser muito boa e confortável e moralista.Por vezes lá me escapa um
Valh'meDeus, um
Deusq'eira, ou um
Deust'ouça e não me sinto menos pragmático que anteriormente.
E para mim é isso que o Natal tem de bom. É a época em que quase toda a gente que eu conheço
reconhece silenciosamente que eu posso bem ter razão em me afirmar agnostico. Conheço pouca gente que vá à Igreja, que agradeça o pão, que partilhe a mesa, mas que ainda assim usa o que de bom tem a religião: a únidade, a ascese, a idêntidade partilhada... Ao menos sou preguiçoso mas reconheço-o.
Todos são religiosos no Natal? Nem por isso.
Todos se sentem religiosos no Natal? Muitos.
Então e o Natal é uma festa religiosa? Foi!
Agora é uma espécie de Carnaval de Dezembro em que todos antecipam o dia em que vão abrir as prendas... Como se o menino Jesus estivesse mesmo à espera dos 3 reis sábios.
Agora é uma espécie de roubo anacrónico da mitologia Nórdica... Como se o Pai Natal tivesse descido pela chaminé do estábulo onde nasceu o menino e tivesse plantado uma Abeto lá no meio .
Agora é uma espécie de Templo redecorado...como se Jesus não tivesse tentado destruir a existência de simbolos banais da casa de seu pai. Mas insiste-se em decorar as casas com simbologia pagã.
Dizia-se que havia o Pai Natal. Cheguei a pensar que não havia!
Agora tenho a certeza que existe (quase) só o Pai Natal.
Espero ansiosamente o dia em que começemos a generalizar as festas do Solstício : )
E agora sim: